Rascunhos da Alma, dedicado à literatura poética. 

ERUDIÇÃO: Memórias + Cultura = Historiografia

ERUDIÇÃO: Memórias + Cultura = Historiografia

Memória

É a capacidade mental de codificar, armazenar e recuperar informações, permitindo-nos reter experiências, conhecimentos e habilidades. Este processo é fundamental para a cognição humana e envolve três etapas principais: a codificação (transformar informações em traços de memória), o armazenamento (manter essas informações) e a recuperação (acessar as informações quando necessário). O esquecimento ocorre quando a recuperação dessas informações falha.

Cultura

Cultura é o conjunto de conhecimentos, crenças, tradições, costumes, artes, leis, moral e hábitos que um grupo social compartilha e transmite através das gerações. Ela molda a identidade de uma sociedade e se manifesta em diversos aspectos como língua, culinária, religião, música e outras expressões artísticas. A cultura é aprendida por meio do convívio social, da família e da educação, e é fundamental para o desenvolvimento pessoal e a formação de uma sociedade crítica e criativa.

Historiografia

Historiografia é o estudo da escrita da história, incluindo a análise de como o passado é narrado, as metodologias utilizadas pelos historiadores, as teorias que moldam a interpretação e o conjunto de obras históricas produzidas ao longo do tempo. Ela não é neutra, pois a interpretação histórica é influenciada pelas visões teóricas e ideológicas de quem a escreve, sendo um reflexo do contexto social e histórico em que o historiador está inserido. Em um sentido mais amplo, refere-se à prática da escrita histórica, enquanto em um sentido mais específico, é o ato de escrever sobre a história em si.

A relação entre os três conceitos

Memória como base: A memória individual e coletiva é a base a partir da qual a história é construída. Ela preserva lembranças, valores e tradições, que podem ser passados oralmente ou por meio de artefatos.

Cultura como o meio: A cultura, por sua vez, é o sistema simbólico que engloba essas memórias e tradições, moldando a identidade e a consciência de um povo ao longo do tempo.

Historiografia como interpretação: A historiografia é a prática de estudar e escrever sobre o passado. Ela seleciona, analisa e interpreta as memórias (documentos, relatos, artefatos) para criar narrativas históricas, que são os registros formais do que aconteceu.

Tempo

Duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro; período contínuo no qual os eventos se sucedem.

Tempo Passado - O passado é o conjunto de todos os eventos que ocorreram antes de um determinado ponto no tempo. O passado é contrastado com, e definido pelo, presente e o futuro. O conceito de passado deriva da maneira linear com que os observadores humanos experienciam o tempo, sendo acessado por meio da memória e da recordação.

Tempo Presente - O "tempo presente" refere-se ao período de tempo que está ocorrendo no momento atual. Gramaticalmente, é um tempo verbal usado para expressar ações que acontecem agora, hábitos e características permanentes. Por exemplo, "Eu estudo" indica uma ação atual, "Eu estudo todos os dias" indica um hábito e "Ela é médica" descreve uma característica permanente.

Tempo Futuro - O futuro refere-se a ações que ainda vão acontecer e pode ser dividido em dois tempos verbais principais no modo indicativo: o futuro do presente, que indica um evento que ocorrerá no futuro em relação ao momento da fala (ex: "Eu viajarei amanhã"), e o futuro do pretérito, que indica uma ação que poderia ter ocorrido no passado, dependendo de outra condição (ex: "Eu viajaria se tivesse dinheiro"). Existe também o futuro do subjuntivo, usado para expressar possibilidade ou hipótese futura, geralmente precedido pela conjunção "quando" (ex: "Quando você ler o livro, entenderá a história").

 

Na minha trajetória acadêmica fiz três Cursos: Conservação e Restauro e História/UFPEL/RS, Museologia/UFSC e Pós-Graduação em Ciências Políticas na FOCUS. Desta forma decidi, não ficar com os conhecimentos guardados e falar, sobre assuntos que gosto e podem interessar, quem lê. Os assuntos são resultados de meus conhecimentos, onde aprendi, a não viver no senso comum, sabedoria que é baseada na experiência cotidiana, subjetividade e tradição, fragmentado em crenças e hábitos e sim, no conhecimento científico que é sistemático, objetivo e fundamentado em métodos rigorosos de pesquisa, experimentação e verificação. A ciência busca a comprovação e a explicação racional das causas dos fenômenos.

 

 14/12/2025

 

Resenha descritiva 001 - Religião - Segundo Domingo de Dezembro – Dia da Bíblia

O Dia da Bíblia é celebrado no segundo domingo de dezembro, conforme a Lei Federal nº 10.335/2001, sendo uma data oficial no Brasil que celebra a importância da Bíblia, com atividades durante toda a semana que antecede o domingo. Já os católicos têm o Mês da Bíblia em setembro, com um dia específico (30 de setembro) em homenagem a São Jerônimo, o tradutor da Bíblia.

Para os Evangélicos e no Calendário Nacional (Brasil): - Segundo domingo de dezembro.

Origem: Instituído em 1549 na Grã-Bretanha, popularizado no Brasil a partir de 1850 com missionários.

Lei: Oficializado em 2001 pela Lei nº 10.335/2001, tornando-se uma celebração nacional.

Para os Católicos (Brasil): Mês: Setembro é o Mês da Bíblia.

Dia Específico: 30 de setembro, que é o dia de São Jerônimo, padroeiro dos biblistas.

Portanto, dependendo da tradição, a data pode ser no segundo domingo de dezembro (evangélicos/oficial) ou no final de setembro (católicos).

A Bíblia foi escrita por cerca de 40 homens diferentes ao longo de aproximadamente 1.600 anos. A autoria é tradicionalmente atribuída a profetas, reis, sacerdotes e apóstolos, que escreveram sob inspiração divina, mas utilizando suas próprias personalidades e contextos históricos.

A Bíblia não foi escrita em "papel" como conhecemos hoje, mas sim em materiais antigos como papiro (feito de uma planta aquática) e pergaminho (pele animal tratada), inicialmente em rolos e depois em códices (livros), sendo o papiro mais comum para os primeiros textos e o pergaminho mais durável, com os originais escritos em hebraico, aramaico e grego, e copiado ao longo dos séculos.

Materiais Utilizados:

Papiro

Material leve, feito de tiras do junco de papiro, sobrepostas e prensadas, popular no Egito e na região. O papiro era trabalhado através de um processo manual e meticuloso que envolvia o uso dos caules da planta de papiro, comum nas margens do Rio Nilo. Esse processo resultava em um material semelhante ao papel, durável e flexível, que foi fundamental para os registros da antiguidade.  O processo de fabricação envolvia as seguintes etapas: Colheita e Preparação: Os caules da planta de papiro eram cortados e a casca verde externa era removida, revelando o miolo interno esbranquiçado e fibroso. Corte em Tiras: O miolo era então cortado em finas tiras (lâminas) no sentido do comprimento. Imersão: As tiras eram mergulhadas em água, por vezes com vinagre, e deixadas de molho por vários dias para amaciar e liberar a seiva. Disposição em Camadas: As tiras eram dispostas lado a lado, ligeiramente sobrepostas, sobre uma superfície plana. Uma segunda camada de tiras era colocada por cima, em um ângulo de 90 graus (perpendicularmente) à primeira, criando um padrão de trama. Prensagem e Secagem: As camadas sobrepostas eram então pressionadas (com a ajuda de uma pedra ou prensa) e deixadas para secar ao sol. A própria seiva da planta atuava como uma cola natural, unindo as tiras. Alisamento: Após a secagem (que podia levar cerca de seis a dez dias), a superfície da folha era alisada e polida com um raspador ou uma pedra para criar uma superfície lisa e plana, pronta para receber a escrita. Formação de Rolos: Várias folhas individuais podiam ser coladas umas às outras para formar longas fitas, que depois eram enroladas para criar os volumes ou rolos de papiro usados pelos escribas.  O papiro foi utilizado durante toda a Antiguidade por egípcios, gregos e romanos, até ser gradualmente substituído pelo pergaminho (feito de pele de animais) na Idade Média, que era mais durável, embora mais caro.

Pergaminho

Mais resistente e durável, feito de pele de animal (ovelha, cabra, cordeiro), permitindo que textos mais longos fossem reunidos em livros (códices). O pergaminho era feito a partir da pele de animais (carneiro, cabra, vitelo), que passava por um processo de limpeza com cal, raspagem para remover pelos e carne, estiramento em uma estrutura de madeira (tear) e polimento com pedra-pomes, resultando em uma superfície fina, lisa e resistente, ideal para escrita e permitindo o uso dos dois lados e a criação dos primeiros "livros" (códices). Obtenção da Pele: Usavam-se peles de animais jovens, como ovelhas, cabras e bezerros, ou até mesmo fetos abortados para pergaminhos mais finos. Limpeza e Depilação: A pele era imersa em uma solução de água e cal (óxido de cálcio) por dias ou semanas para soltar os pelos e a carne. Raspagem: Após a imersão, a pele era esticada em um tear e raspada com uma faca especial (lunellum) para remover todo o pelo e resíduos de carne, afinando-a. Estiramento e Secagem: A pele era esticada firmemente no tear e deixada para secar sob tensão, o que a deixava plana e uniforme, explica toda a matéria. Polimento: A superfície era polvilhada com giz ou pedra-pomes para ficar ainda mais lisa e absorver melhor a tinta, um processo que podia levar meses. Corte: A pele, agora um pergaminho pronto, era cortada em folhas retangulares para serem usadas como páginas. Vantagens sobre o Papiro: Durabilidade: Mais resistente que o papiro; Reutilizável: Podia ser raspado e reescrito (palimpsesto). Frente e Verso: Permitia a escrita nos dois lados, otimizando o material, e possibilitou a criação do formato de livro (códice).

Cerâmica (Ostraca)

Fragmentos de cerâmica ou pedras, usados para anotações e textos mais curtos. Formatos:  Rolo: Os primeiros textos eram gravados em longas tiras de papiro ou pergaminho, que eram enroladas. Códice: A partir do século II d.C., os cristãos começaram a usar folhas dobradas e costuradas, formando os "livros" que conhecemos hoje, tornando o acesso mais fácil.

Linguagens Originais:

Antigo Testamento: Escrito principalmente em Hebraico e Aramaico.

Novo Testamento: Escrito em Grego Koiné, a língua comum do Império Romano na época.

Resumo da Autoria

Inspiração Divina: Para a fé judaico-cristã, o autor principal da Bíblia é Deus, que inspirou os escritores humanos a registrarem Sua mensagem.

Muitos Autores: Os textos foram compostos por indivíduos de diferentes origens e profissões, como Moisés (líder), Davi (rei), Salomão (rei), Mateus (cobrador de impostos), Lucas (médico) e Paulo (missionário).

Período de Escrita: O primeiro livro, Gênesis, começou a ser escrito por volta de 1445 a.C., enquanto o último, Apocalipse, foi concluído por volta de 90-96 d.C..

Línguas Originais: A Bíblia foi originalmente escrita em hebraico, aramaico e grego.

Autores Principais por Seção

Antigo Testamento: Pentateuco (os primeiros cinco livros): Tradicionalmente atribuídos a Moisés.

Livros Históricos: Escritos por vários autores, incluindo Josué, Samuel, Esdras e Neemias.

Livros Poéticos e de Sabedoria: Incluem salmos de Davi e provérbios de Salomão.

Livros Proféticos: Escritos pelos profetas maiores (como Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel) e menores.

Novo Testamento:

Evangelhos: Atribuídos a Mateus, Marcos, Lucas e João, que eram apóstolos ou homens apostólicos.

Atos dos Apóstolos: Escrito por Lucas.

Epístolas (Cartas): A maioria foi escrita pelo apóstolo Paulo, além de cartas de Pedro, Tiago, João e Judas.

Apocalipse: Escrito pelo apóstolo João.

A autoria de alguns livros é complexa e, em alguns casos, as tradições de autoria são mais importantes do que a identidade literal do escritor.

Os "escritores da fé bíblica" incluem os autores tradicionais da Bíblia (Moisés, Profetas, Apóstolos como Paulo e João) e, em um sentido mais amplo, grandes figuras históricas cristãs que viveram e escreveram sobre a fé, como Martinho Lutero, John Wesley, Charles Spurgeon e escritores contemporâneos como John Piper, além de mulheres como Ester, Débora e Maria, que são exemplos bíblicos de fé, destacando-se a ideia de que Deus é o Autor Supremo, usando homens e mulheres como instrumentos inspirados pelo Espírito Santo para registrar Sua Palavra.

Autores Bíblicos (Tradição e Textos)

Antigo Testamento: Moisés (Pentateuco), os Profetas (Isaías, Jeremias, etc.), Davi (Salmos), Salomão (Provérbios), Esdras, etc..

Novo Testamento: Os Apóstolos (Paulo, Pedro, João), Mateus, Marcos, Lucas, Tiago, Judas, e o livro de Apocalipse (tradicionalmente atribuído a João).

Heróis e Escritores da Fé Cristã (Pós-Bíblico)

Reformadores e Teólogos: Martinho Lutero, João Calvino, John Wesley, Jonathan Edwards, C.S. Lewis, D.L. Moody, Charles Spurgeon, J.I. Packer, John Piper, Elisabeth Elliot.

Autores Brasileiros: Heber Campos Jr., Marcos Eberlin, Franklin Ferreira, Jonas Madureira, entre outros, da Editora Fiel.

Mulheres de Fé (Exemplos Bíblicos)

No Antigo Testamento: Sara, Rebeca, Rute, Débora, Ester, Ana, Rainha de Sabá.

No Novo Testamento: Maria (mãe de Jesus), Maria Madalena, Lídia, Priscila, Marta e Maria de Betânia.

Conceito Teológico

A Bíblia ensina que, embora muitos homens e mulheres tenham escrito, o verdadeiro autor é Deus, que os inspirou através do Espírito Santo, como em 2 Pedro 1:21, com frases como "Assim disse Jeová" sendo comuns nos profetas.

 

Ciência Arqueológica

A arqueologia não encontrou o corpo de Jesus e a sua localização é objeto de crença, não de evidência material conclusiva. O consenso entre os historiadores é que Jesus foi uma figura histórica real, mas as evidências arqueológicas relacionadas a Ele são indiretas, confirmando o contexto da época, e não o Seu corpo ou restos mortais.

Local do Sepultamento: O local tradicionalmente venerado como o túmulo de Jesus é a Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém.

A igreja foi construída no século IV, por ordem do imperador Constantino, em torno da caverna que se acreditava ser o local do sepultamento e ressurreição, conforme identificado pela tradição cristã e pela mãe do imperador, Helena.

Escavações e reformas no local revelaram uma laje de calcário e uma cavidade que se acredita ser o ponto exato onde o corpo de Jesus foi colocado.

A Perspectiva Arqueológica

Do ponto de vista da arqueologia, o corpo de Jesus nunca foi encontrado:

Inexistência de restos mortais: A ausência de um corpo ou ossos (ossuário) é, na verdade, um ponto central da fé cristã, que prega a ressurreição corporal de Jesus, resultando em um túmulo vazio.

Evidências Contextuais: A arqueologia fornece um rico contexto histórico para a vida de Jesus, confirmando práticas da época, como o ritual romano da crucificação e os métodos de sepultamento judaicos, através de outras descobertas na região.

Ausência de Registro Direto: Jesus é praticamente "invisível" no registro arqueológico direto, o que significa que não existem artefatos ou ossadas universalmente aceitos como pertencentes a Ele. A sua existência histórica, contudo, é comprovada por relatos de historiadores antigos não cristãos.

Portanto, a busca pelo corpo de Jesus não é um foco da arqueologia moderna, pois a premissa teológica é que o corpo ressuscitou e não está mais na Terra. As investigações arqueológicas concentram-se na autenticidade dos locais sagrados e no contexto histórico daquela época.

Fontes:

Paul Ricoeur: Um filósofo que contribuiu significativamente para a hermenêutica bíblica, explorando a relação entre o mundo do texto e a autocompreensão do leitor, e como a linguagem metafórica e simbólica requer uma interpretação profunda.

Russell Norman Champlin: Autor de uma vasta enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, uma referência para muitos estudantes de teologia.

Norman Geisler e Thomas Howe: Conhecidos por seu "Manual de dificuldades bíblicas", que aborda questões e aparentes contradições no texto sagrado.

Gerhard von Rad e Georg Fohrer: Teólogos proeminentes do Antigo Testamento, cujas obras são estudadas em seminários e faculdades de teologia.

Merrill C. Tenney: Autor que escreveu sobre como usar o método de estudo crítico para compreender os livros bíblicos.

E.A. Lowe e Guglielmo Cavallo, são referências no estudo de manuscritos antigos em geral, incluindo pergaminhos medievais.

Amos Kloner, aponta inconsistências e a falta de provas concretas que liguem, os achados à figura histórica de Jesus de Nazaré.